Por: Priscila Gorzoni


Mas, historicamente falando…
A Dinastia T´ang
Baseados em fatos históricos, o chá não remonta muito depois do período que antecede a ascensão da Dinastia T’ang.
Essa família imperial reinou entre os anos 618 e 906 e assistiu à divulgação de uma bebida trazida dos Himalaias pelos monges budistas.
A bebida era feita com o arbusto do chá, uma planta conhecida pelo nome cientifico de Camelia Sinensis, da família Theaceae. Ele crescia na cordilheira asiática, e foram os chineses os primeiros a domesticá-la em seus vastos campos organizados.
Porém, só no século IX, o chá se tornou um hábito chinês, como testemunhou o monge budista japonês Ennin, em um relato escrito durante a sua viagem ao império.
Segundo alguns adeptos do Zen, o fazedor do chá nasceu das pálpebras de Bodhidharme, que as havia cortado e atirado longe para impedir a sonolência da meditação.
Esse é um dos motivos pelos quais, os monges bebem chá, para ficarem acordados. Aos poucos, essa bebida saborosa e cheirosa, conquistou o coração ocidental, por meio da Ásia Central e da Rússia.

O que é a Camellia Sinensis?
A árvore de todos os tipos de chás é chamada de Camellia Sinensis ou Thea sinensis. Ela é uma árvore de folha perene, flores brancas e um fruto capsular com três sementes negras. Pode chegar a 10 ou 15 metros em estado selvagem, embora geralmente tenha 1,10 metros para facilitar a colheita.
Chás
Das lendas chinesas aos tempos modernos
Na saúde, doença, alegria e festas lá está o chá, uma bebida essencial em todas as culturas. Em rituais de celebração, ele é o brinde inicial para a recepção das visitas e nos dias de inverno, ele é o início de um bom sono. De uns tempos para cá, ele se tornou a segunda bebida mais consumida no mundo. A sua popularidade ganhou o mercado alimentício, assim deixou de ser apenas uma bebida quente para se tornar um refresco de verão prático, que mistura frutas, especiarias e aromas.
O chá não atrai apenas pelo seu paladar aromático, exótico, e até terapêutico. Mas por suas histórias curiosas, envolta em lendas chinesas, japonesas e indianas. Repleto de mitos e lendas, ele possui uma história no mínimo curiosa perdida nos tempos.
A mais famosa delas, ocorreu há 5.000 anos na China, no império de Sheng Nong, um governante justo, amante da natureza e da ciência.
Um dia preocupado com as epidemias que assolavam o seu reinado, Sheng promulgou uma lei onde exigia, que toda a água consumida fosse fervida.
Esse hábito foi levado em suas viagens, em uma delas, os servos tomados de sede, devido ao calor escaldante, resolveram parar e ferver água para beber. De repente algumas folhas dos arbustos próximos caíram nessa água criando uma situação inusitada.
Pouco a pouco, a água em ebulição tornou-se escura, atraindo o olhar do imperador. Não resistindo ao aroma que saia da água, bebeu a infusão.
Desse dia em diante passou a beber a água com várias outras folhas e descobriu uma variedade de chás.
Não foram só as lendas que fortaleceram a história do chá, mas alguns escritos, entre eles o do monge chinês Lu Yu, no primeiro livro sobre o chá. Lá ele relata os métodos de cultivo e a preparação da planta.
Assim, nascia o chá que conhecemos hoje, pelo menos nas lendas. Apesar de ser apenas, mais uma das muitas que cercam a história do chá, provavelmente possui um fundo de verdade.

As histórias dos chás
Do oriente para o mundo
No final do século XV o chá difundiu-se pela Europa, e passou a fazer parte dos carregamentos portugueses, Holanda e França.
Embora tenha sido um jesuíta português o primeiro europeu a escrever sobre o chá, Portugal acabou perdendo o monopólio desse comércio para a Europa.
Os Holandeses tomaram o chá com tanto vigor, que aos poucos, ele deixou de ser consumido apenas pela sua burguesia para agradar às classes populares.
O monopólio mundial do chá, que pertenceu a Companhia Inglesa das Índias desempenhou um importante papel na introdução da bebida na Inglaterra e colônias americanas.

Na bagagem de Catarina de Bragança…
Por incrível que pareça, as Ilhas Britânicas do século XVII desconheciam o chá, quando Catarina de Bragança, filha de D. João IV de Portugal o trouxe em sua bagagem. Ela casou-se com Carlos II de Inglaterra e apresentou o hábito ao marido e a população.
Por ironia, mais tarde, o chá tornou-se uma das maiores plantações inglesas e dominou os comportamentos ingleses. Tanto, que o famoso chá das cinco, a mais inglesa das tradições surgiu no século XIX, com Anna, sétima duquesa de Bedford.
Para amenizar a fome entre o almoço e o jantar, Anna não pensou duas vezes, teve a ideia de criar uma pequena refeição no meio da tarde, com chá, leite, bolinhos, torradas e geleias.
